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Mário Soares foi homenageado no Porto

Em cerimónia no Rivoli, o antigo Presidente da República foi lembrado por personalidades e amigos, que enalteceram a sua luta pela liberdade e lhe reconheceram valores como a generosidade, a coragem ou a autenticidade

Gostava do “lado melancólico e granítico” do Porto, do encontro com o rio, das visitas a livrarias e alfarrabistas, das tripas em restaurantes de eleição. E gostava sobretudo dos “muitos” amigos que aqui encontrava. Foi assim que Isabel Soares abordou a ligação “de sempre” do pai, Mário Soares, à cidade. Com um discurso emotivo, abriu ontem a cerimónia de homenagem ao antigo Chefe de Estado, no Teatro Municipal Rivoli.

Pela voz de personalidades e amigos, lembrou-se um dos mais destacados defensores da democracia e da liberdade, a sua generosidade e o seu “exemplo de vida”, como destacou o presidente da Câmara do Porto.

“Não me esqueço como se empenhou pelo meu pai, quando esteve preso sem culpa formada”, contou Rui Moreira, afirmando que terá para sempre” uma grande dívida de gratidão” por Mário Soares.

O autarca destacou ainda a generosidade do antigo Presidente da República como a “sua segunda grande qualidade, para lá da coragem”. “Soube ser presidente de todos os portugueses, iniciando um novo estilo com presidências abertas, e fez da presidência um instrumento agregador”, frisou, para depois concluir: “Sempre lhe reconheci o mérito de ser o homem da liberdade, de personificar a liberdade”.

Já o líder da Federação Distrital do Porto do PS, estrutura associada à homenagem, considerou que “nenhum homem político teve um percurso tão irmanado” como Soares e que “este Porto casa bem com a sua personalidade”. “Prestamos homenagem ao homem corajoso e determinado, mas sobretudo valorizamos a sua mensagem política e os ideais pelos quais se bateu”, realçou Manuel Pizarro, salientando a oportunidade do tributo.

“Valores que julgávamos adquiridos”, sublinhou, são hoje “postos em causa”: o “capitalismo selvagem, o renascer dos populismos extremistas, a persistência de desigualdades sociais” representam “ameaças” e pedem “o exemplo inspirador de Mário Soares”, alguém que “havia de gostar de nos ver aqui, de nos abraçar e de estar connosco”.

Para o presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, esta foi a homenagem “justa, feita no lugar certo”. Artur Santos Silva lembrou o amigo como “a personalidade mais marcante do nosso regime democrático”; alguém que “ajudou a repor o espírito do 25 de Abril” e “revelou tolerância em relação aos comprometidos com o fascismo”.

Lembrando o contributo valioso de Mário Soares em diferentes momentos cruciais do país, Santos Silva destacou as suas qualidades “sempre notáveis”: “autenticidade”, “notável intuição”,”excecional visão politica, apoiada por uma sólida e diversificada formação cultural”, e “lealdade afetiva sem limites”.

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