PLÁKA é o novo projeto de dinamização da prática e da apresentação de arte contemporânea no Porto, que foi hoje anunciado pelo presidente da Câmara, Rui Moreira, e pelo Adjunto para a Cultura, Guilherme Blanc, em conferência de imprensa realizada ao ar livre na Rua de Miguel Bombarda.
A PLÁKA, que pretende também aprofundar a reflexão sobre a prática artística no Porto, inclui cinco projetos. Aos programas Criatório (de financeiro à criação contemporânea) e ao Prémio de Arte Paulo Cunha e Silva, juntam-se a criação do coletivo de reflexão PLÁKA, a exposição Anuário e a reativação da Coleção de Arte Municipal.
“PLÁKA surge aqui com um sentido de plataforma – onde artistas, agentes e ideias circulam e onde pode coexistir estabilidade e fricção – mas também como referência a um ‘espaço de pensamento’ remetendo simbolicamente para o território ateniense, para um lugar de ideais fundacionais”, explicou Guilherme Blanc, acrescentando que as cinco iniciativas a incluir nesta plataforma têm em comum o facto de todas partirem do trabalho de grupos de análise da prática artística contemporânea, da cidade e internacional.
Coleção de Arte Municipal
Rui Moreira referiu o facto de “a existência da Coleção de Arte Municipal não ser do conhecimento público”. Entre pintura, desenho e gravura, esta coleção inclui cerca de 1500 obras no âmbito das artes plásticas, sendo que apenas 30 são de arte contemporânea (da década de 60 e seguintes). Rui Moreira explicou que “a última obra ser adquirida paraa coleção foi um desenho de António Carneiro, em 2003” e que “praticamente desde a década de 70 que a Coleção não tem novas aquisições”.
“A coleção de arte municipal não é, por isso, um projeto vivo e não estabelece uma relação dinâmica com a cidade”, o que para o Presidente “significa que a cidade não tem desenvolvido um trabalho em torno da memória da produção dos seus artistas e dos artistas que aqui apresentam os seus trabalhos”.
O projeto a lançar através do PLÁKA é exatamente o da reativação da Coleção de Arte Municipal, que terá um novo espaço de reservas já a partir de meados do próximo ano na escola Abrigo dos Pequeninos e, futuramente, também no Matadouro Municipal, como foi já anunciado.
O trabalho será desenvolvido a partir de um grupo de análise da arte apresentada no Porto, ao longo de um ano, e que fará sugestões periódicas de aquisição, até um montante anual de 100.000 euros, tendo a escolha que ser feita em contexto de exposição a decorrer em galeria.
Daquele montante, 20% poderá ser aplicado em arte não contemporânea – arte moderna ou de períodos anteriores -escolhida fora do contexto de galeria, caso se justifique do ponto de vista patrimonial e de documentação da memória cultural da cidade.
O primeiro grupo de especialistas (junho 2017/junho 2018) será constituído por Gabriela Vaz-Pinheiro, artista, curadora e docente nas Belas Artes da UP; Pedro Álvares Ribeiro, colecionador de arte contemporânea; João Magalhães, Director Specialist na Sotheby’s em Londres; Luís Nunes, curador e coordenador do Museu das Belas Artes da UP; e Francisco Laranjo, artista e docente nas Belas Artes da UP.
Rui Moreira sublinhou, ainda, que as propostas de novas aquisições serão submetidas a aprovação em reunião de Câmara e que os objetivos últimos serão promover a visibilidade da Coleção Municipal por parte do público, nomeadamente tornando visitáveis as reservas municipais e os museus da cidade, e ao mesmo tempo dinamizar a prática artística nas galerias do Porto.
Coletivo PLÁKA
O Coletivo PLÁKA resultará num grupo de reflexão e de produção de pensamento sobre a prática artística noPorto. Aberto a artistas e agentes das artes e, em alguns momentos, ao público em geral, incluirá três linhas de investigação por ano, sendo o orçamento global de 60.000 euros. O grupo será coordenado por investigadores nacionais e internacionais e irá servir também para criar um espaço ao qual artistas internacionais que vêm à cidade podem aderir e partilhar conhecimento com artistas e curadores do Porto. Ao mesmo tempo, vai “permitir que os agentes e artistas se encontrem e pensem a sua atividade de forma acompanhada, por investigadores nacionais e internacionais, com vasta experiência no pensamento sobre a contemporaneidade”, apontou Guilherme Blanc, acrescentando que, todos os anos, este grupo editará uma revista de ensaios, como resultado do trabalho desenvolvido.
Anuário
No âmbito da PLÁKA, será também criado o Anuário, uma exposição proposta por um comissário externo, brevemente anunciado, e que decorrerá em 2018 na Galeria Municipal em parceria com a equipa da Câmara. O Anuário tem a particularidade de ser uma exposição que apresentará um conjunto de obras escolhidas por um coletivo de curadores convidados que irá analisar, ao longo de um ano, a atividade expositiva em diversos espaços de arte da cidade. O Anuário, mais do que uma exposição retrospetiva, pretende ser um campo de reflexão ímpar sobre a produção artística na cidade num determinado período temporal.