Select Page

O poema ou a máquina de emocionar

Esteve no Fólio, festival de Óbidos. Acaba de publicar a sua poesia reunida em Portugal, antes de sair a edição brasileira. Entrevistámo-lo em Lisboa.

De passagem por Portugal, onde integrou o Festival Fólio, Eucanaã Ferraz acaba de lançar na Imprensa Nacional-Casa da Moeda um volume que reúne os poemas que publicou no último quarto de século. À semelhança do que aconteceu em títulos anteriores, Poesia 1990-2016 sai antes da edição brasileira da sua poesia reunida.

No prefácio desta edição, o ensaísta Carlos Mendes de Sousa (CMS) considera Eucanaã Ferraz um poeta de “estirpe rara”, frisando a “mestria oficinal” de um autor da “exuberada presença do sol”. Eucanaã escreve uma poesia luminosa, no sentido em que lhe importa a claridade e, sobretudo, a clareza. Como nos diz o próprio Eucanaã Ferraz nesta entrevista, gosta que o jogo seja nítido, sem obscuridades capciosas, nem enigmas. Não se trata, explica na sua fala envolvente e bem ritmada (como se preparasse o balanço de um poema), de uma aposta na facilidade, mas de abrir a possibilidade de todos ganharem.

Herberto Helder escreveu: “a poesia não tem pessoas nem personagens”; Eucanaã Ferraz (citado por CMS): “Poeta não tem personagens.” Perante as duas passagens, Eucanaã mostra-se, curiosamente, disponível para transigir: “Se você me dissesse o contrário, eu também concordaria.” Há pessoas, personagens, nos seus versos. E são concretas, reais: “Não é uma coisa secreta.” A poesia, particulariza, “tem esse traço de se valer dessas pessoas e das personagens, das coisas, em geral, mas para que elas não sejam mais elas, para que ali sejam… um pretexto. Muitas das minhas personagens são esse pretexto. A poesia tem esse mecanismo de destruição. As coisas deixam de ser o que são e se transformam em outras coisas. Tudo vira palavra, som, imagem. As referências… tudo isso é um pouco… mentira. Não é isso que interessa.”

Através do que chama “conexão secreta”, porque criada “em algum nível mental, psíquico, secreto”, a brasileira mãe de Thomas Mann, de um dos seus poemas, funde-se com a figura de Clarice Lispector – “presença vital” da sua vida, como nos diz –, em resultado dessa ligação secretamente urdida pela sua oficina.

Saiba mais no Público.

Pontos de Interesse

Academia de Música de Óbidos celebra 10 anos

A Academia de Música de Óbidos celebra, no próximo dia 29 de Junho, o seu 10.º aniversário. A data será assinalada com um concerto com a Universidade de Évora, às 21h30, na Igreja da Misericórdia de Óbidos. Atuarão as classes de Canto e Música de Câmara, da professora...

Sessão de esclarecimento sobre condução de tractores

A Escola de Condução Santa Maria de Óbidos e a Consultactiva vão realizar uma sessão de esclarecimento gratuita sobre a formação para a condução de tractores agrícolas. A iniciativa vai decorrer dia 13 de Março, quarta-feira, às 18h30, na Escola Condução Santa Maria...

2.º Concurso Regional de Bandas Emergentes

Já se encontram abertas as inscrições para o 2.º Concurso Regional de Bandas de Garagem, no âmbito do projeto Oeste Jovem 2017, promovido pelos doze Municípios do Oeste e da OesteCIM, onde Óbidos está inserido. Este concurso visa tornar pública a produção musical das...