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Perito diz que as fugas de água da rede pública no Funchal são um problema grave

As alterações climáticas não devem servir de “cortina de fumo” para os problemas, disse hoje um especialista do projecto que o município do Funchal está a implementar para controlar as fugas nas redes de água, uma situação “grave” no concelho.

“Esta conferência é num contexto de alterações climáticas, só que não podemos usar as alterações climáticas como uma cortina de fumo, o principal causador é o ser humano, que causa essas alterações”, afirmou Rui Santo Silva na palestra promovida pela Câmara Municipal do Funchal, integrado na Semana Global do Clima.

O perito abordou a questão da perda de água, afirmando que é um “problema muito grave de todos os municípios, em particular no Funchal e na Madeira em geral”.

“Só para ter uma ordem de grandeza, em comparação com o resto do país, onde a média é de 30% de perdas, aqui [no Funchal] estamos a falar além dos 70%”, precisou este especialista envolvido no projecto europeu REDAWN (Reducing the Energy Dependency in Atlantic Area Water Networks).

No seu entender, no Funchal, “os valores das perdas de água na rede são altíssimos”, porque “as coisas foram andando até um ponto absolutamente insustentável”.

De acordo com Rui Santos Silva, “a ideia é resolver o problema e não fazer remendos [na rede]”.

Nesse sentido, o município do Funchal está a implementar um sistema piloto e “inovador” que visa o controlo activo e a monitorização de fugas, através de telegestão, que foi explicado também pelo vereador responsável pelas Águas e Saneamento Básico no Funchal, Rúben Abreu.

O autarca explicou que, “depois de concluído, o sistema permitirá ao Funchal cumprir com a meta prevista no Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais (PEAASAR), estabelecida em 15% de perdas reais”.

Rúben Abreu referiu que, actualmente, as perdas de água são na ordem dos “64%, pelo que no final do tempo de implementação e maturação do projecto, através do aumento da eficiência do sistema de abastecimento de água, poderá atingir uma poupança anual de cerca de 4,5 milhões de euros”.

“A sustentabilidade ambiental e financeira é definitivamente uma prioridade para este executivo” do município do Funchal, disse.

Outro ponto abordado foi o programa a apresentação de “Avaliação da Susceptibilidade à Inundação Costeira na Ilha da Madeira”, por Gustavo Silva, do Observatório Oceânico da Madeira.

O programa inclui ainda uma série de actividades desenvolvidas na sexta-feira pela autarquia funchalense, associada à campanha ‘Clean UP the World” (Limpar o Mundo), nomeadamente, uma acção alargada de limpeza promovida em toda a cidade, desde a baixa, e passando por escolas, bairros, ribeiras e praias, entre outros.

Esta acção conta com o apoio dos serviços municipais, de entidades públicas e privadas e de centenas de voluntários, informou o município.

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