A edição de 2019 da “PIM! Mostra de Ilustração Para Imaginar o Mundo”, patente na Galeria Nova Ogiva, é uma fusão de ilustrações de vários autores, de peças de cerâmica criadas de propósito por Marta Madureira e peças sonoras da Companhia Teatral Musical.
A propósito do tema do FOLIO – Festival Literário de Óbidos, “O Tempo e o Medo”, os criadores participantes chegaram à conclusão que um medo comum é que se passe a considerar as Artes e a Cultura como não necessárias. Por outro lado, “chegámos à conclusão de que o Medo não será assim tão mau, porque nos mantém alerta”, explicou Mafalda Milhões, curadora do FOLIO ILUSTRA.
Um dos principais problemas da atualidade passa pelo enorme “ruído” das redes sociais. “Tudo é barulho à nossa volta e acabamos por viver numa sociedade autista, cheia de medos”, afirmou a curadora. Daí a presença das peças da Companhia Teatral Musical, da autoria de Miguel Ferraz e Paulo Rodrigues, que representam ruídos exteriores e ruídos interiores.
Marta Madureira construiu várias objetos escultóricos e esculturas gigantes, que chama de ilustrações-peças, que estão distribuídas por toda a galeria. Estas peças surgem no seguimento de outras colaborações da ilustradora com a Vista Alegre, que apoiou a exposição, em que transforma as suas criações em peças de cerâmica. Na “PIM!” apresenta uma série de personagens que criou há algum tempo, relacionadas com bichos e metamorfoses, que surgem pela primeira vez em esculturas. No futuro, algumas destas peças inéditas poderão vir a ficar patentes no Museu da Vista Alegre.
A “PIMI!” é ainda composta por várias coleções de originais, divididas por patamares, ligadas por uma única narrativa. É uma mostra de ilustração vertical que privilegia o contacto direto entre criadores e visitantes através do encontro com várias obras, na perspetiva de dar a ler a ilustração sem filtros nem barreiras.
Segundo Mafalda Milhões, esta é “uma janela de Tempo que se abre durante o FOLIO que permite que em Óbidos haja Ilustração livre de preconceito e de uma série de outras coisas, abrindo um espaço comum para o leitor usufruir da literatura de imagem”.
A responsável faz questão de explicar que a curadoria tem uma voz, que é a sua, “mas tem muitos timoneiros”. Todo o processo é conduzido com o apoio dos criadores, “que são os grandes incendiários criativos”, mas também os maiores patrocinadores, uma vez que todas as obras patentes são originais e não replicas ou cópias. Por exemplo, a ilustração do brasileiro Roger Mello (Prémio Hans Christian Andersen 2014), que assinala o movimento “Amazónia Chama”, foi enviada do Brasil.
A galeria Nova Ogiva, enquanto espaço criado como uma escultura por José Aurélio, é sempre um desafio para estas exposições do FOLIO ILUSTRA, mas, mais uma vez, o objetivo foi alcançado. O próprio escultor José Aurélio, durante uma visita à exposição, mostrou-se muito agradado com o que todos os anos se consegue com a “PIM!”.