Vice-presidente da rede europeia de cidades e vereador do Ambiente da Câmara portuense pediu na conferência “Noise in Europe” mudanças de paradigma e de regulamentação capazes de inverter os níveis de ruído causados pelos transportes.
Cerca de 125 milhões de pessoas na União Europeia estão sujeitas a níveis de ruído perigosos para a saúde, causados por tráfego rodoviário, ferroviário e aéreo. Sob esta realidade, decorreu em Bruxelas, na segunda-feira, a conferência “Noise in Europe”. O encontro teve por objetivos a partilha de evidências científicas e estudos epidemiológicos recentes e o debate sobre medidas e opções políticas concretas. Um dos oradores foi Filipe Araújo, vereador do Ambiente da Câmara do Porto, que interveio na qualidade de vice-presidente do Fórum Ambiente da Rede EUROCITIES, para o qual foi eleito no final de 2016.
Filipe Araújo levou à conferência a perspetiva das Cidades, apresentando um balanço crítico dos últimos 15 anos de aplicação da Diretiva Europeia sobre o Ruído e partilhando algumas boas práticas da cidade do Porto na gestão do ruído urbano. Dirigindo-se aos responsáveis presentes, Estados-membros e entidades competentes – Comissão Europeia, Parlamento Europeu, Organização Mundial de Saúde (OMS), Agência Europeia de Ambiente e empresas gestoras de infraestruturas de transportes -, exortou por mudanças de paradigma e de regulamentação num futuro próximo e no contexto europeu.
Esta conferência precedeu o Dia Mundial de Sensibilização para o Ruído, que hoje se assinala. Decorreu contextualizada por dados preocupantes da OMS, segundo os quais um em quatro cidadãos na União Europeia estão expostos a níveis de ruído nefastos. Quase 120 milhões de pessoas acusa irritação e mal-estar devido à poluição sonora e pelo menos 8 milhões têm distúrbios de sono. O ruído no espaço europeu está ainda associado a doenças cardiovasculares, causando 10 mil mortes prematuras. Neste contexto, o encontro teve o intuito global de “procurar o equilíbrio entre o transporte de que todos dependemos e a vida saudável que desejamos”.
Refira-se que o Porto é membro da Eurocities desde 1990. Fundada em 1986, esta rede de cidades promove o intercâmbio das melhores práticas e representa os interesses das grandes cidades junto das instituições comunitárias, pugnando pela inclusão das exigências urbanas nas políticas europeias.