O Arquiteto Eduardo Souto Moura apresentou, a 18 de janeiro, na Casa das Artes, o anteprojeto do Mercado Municipal e da Alameda Teixeira de Pascoaes.
Na abertura da sessão, o Presidente da Câmara Municipal, José Luís Gaspar, destacou algumas das especificações solicitadas ao arquiteto, contemplando a reabilitação do Mercado Municipal e uma intervenção na Alameda que tivesse como fio condutor a intenção de “voltar Amarante para o Tâmega”. Acrescentou ainda que apesar de gostar muito do projeto, não poderia deixar de colocar o mesmo em discussão pública, tendo em conta o alcance e o arrojo da intervenção.
Perante uma plateia repleta, o arquiteto Souto Moura fez uma descrição detalhada das suas propostas.
Explicou, em primeiro lugar, que o Mercado Municipal é uma obra (de Januário Godinho) limitada em termos de intervenção. E por esse motivo, propõe, mantendo a arquitetura inicial, fazer uma ampliação do telhado, em direção à Alameda, bem como, reformular todo o espaço interior.
Na parte exterior, o Mercado Municipal está muito limitado, quer pelo rio, quer pelas estradas que o circundam, colocando-se até questões de segurança em dia de feira. Além disso, lamentou o facto de, uma obra emblemática da década de 60 do século XX estar transformada num parque de estacionamento que deveria ter outra visibilidade e um enquadramento espacial mais amplo, o que só pode ser feito no sentido da Alameda.
A proposta apresentada prevê a criação de uma grande escadaria desde a Alameda até ao Mercado, criando uma espécie de anfiteatro grego, cuja boca de cena seria a extensão da nova cobertura do Mercado, ultrapassando, desta forma, o desnível do terreno, criando uma amplitude e uma fluidez entre a Alameda e o Mercado.
Referindo-se, em segundo lugar e de forma mais extensa, à intervenção na Alameda, demonstrou, recorrendo a fotografias atuais e do passado, que este espaço se encontra limitado pelo muro alto, junto ao rio, não permitindo o usufruto das suas margens e pior, com uma escala desajustada em relação ao Mosteiro e à Ponte.
Recuperando a filosofia do passado de todo o espaço da Alameda (a que prefere chamar praça), pretende fazer desse passado o seu futuro. A lógica é recuar o muro existente, desde a Ponte de S. Gonçalo, até ao quiosque e criar um patamar intermédio ao nível da cota do Mercado, para que este se possa estender para ali, nos dias de feira e para que toda esta nova zona possa ser usufruída, junto ao rio. A seguir à Ponte, prevê criar umas escadas para o patamar intermédio, recuperando também esta existência, visível nas marcas do muro.
O projeto visa ainda recuperar uma Praça com a configuração do passado, onde circule trânsito de forma condicionada, que seja sobretudo um espaço de usufruto para as pessoas e as mais diversas atividades.
Apresentando diversas perspetivas do antes e do depois, o arquiteto Souto Moura lançou o assunto à discussão.
Dos presentes, houve várias manifestações de apreço pela proposta, sendo que a principal preocupação está relacionada com o estacionamento. Além disso, foram referidas ainda preocupações com a importância da manutenção do quiosque, com a escolha dos materiais e com a colocação de árvores para proteger do calor do verão, assim como relativamente à circulação (já apertada) do trânsito entre a Rua Capitão Augusto Casimiro e o acesso ao Tribunal.
Em relação ao estacionamento, o Presidente da Câmara referiu estar em marcha a execução do Plano de Mobilidade para Amarante, que prevê a criação de parques de estacionamento, cujo lançamento das empreitadas ocorrerá ainda em 2019.
Quanto às restantes preocupações, foram acolhidas com toda a naturalidade por Souto Moura, que salientou ser este um anteprojeto, numa fase muito embrionária e que as especificações e a resolução de problemas técnicos serão tratados na fase de projeto e de especialidades.
Ficando demonstrado o apreço pelo projeto, Souto Moura sugeriu um novo encontro no verão, desta vez no local a intervencionar e destinado a uma nova discussão pública mais pormenorizada, após as devidas reflexões.