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Quando a anormalidade se torna normal por força das circunstâncias

A expressão “a realidade supera sempre a ficção” faz ainda mais sentido quando alguém como Donald Trump é eleito Presidente dos Estados Unidos da América. Pelo menos essa é a perspetiva dos dois autores (Donald Ray Pollock e Dulce Maria Cardoso) que se juntaram ontem à noite, 11 de Outubro, para mais uma conversa entre escritores, no FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos.

Logo no início da conversa, a moderadora, Isabel Lucas, salientou que estes eram dois autores que têm desafiado a norma, não só pela sua história, mas também pelo modo como escrevem. A crítica literária tinha conhecido pessoalmente o escritor americano durante o seu périplo durante um ano pelos EUA, do qual resultaram várias reportagens publicadas no jornal Público e o livro “Viagem ao sonho americano”.

Donald Ray Pollock disse ter refletido muito sobre o tema da conversa (“Encontrar normalidade na anormalidade”) sem que conseguisse chegar a uma resposta do que seria a normalidade na literatura, ou mesmo na vida. Afinal, o americano nasceu numa pequena localidade de nome Knockemstiff, em Ohio, e durante muitos anos considerou normal o abuso do álcool, a pobreza, ou a violência, porque essa era a sua realidade desde que nasceu. É neste contexto que entra na conversa a eleição de Donald Trump. “A atual situação política não é normal para mim, mas é para quem o apoia”, afirmou o escritor americano.

Dulce Maria Cardoso aproveitou o mote e lembrou que a normalidade é uma convenção, por isso pode mudar em qualquer instante. “Somos como uma praga e, por isso, muito adaptáveis às condições”, defende. Por isso, o que era anormal antes de Trump passou a ser normal. “Há uma vontade geral em pertencer a um grupo maioritário e as minorias serão sempre esmagadas pela dita normalidade”, considera.

Para Donald Ray Pollock, uma personagem como Donald Trump dificilmente seria criada na ficção, de tão inverosímil que é. “A ficção tem sempre uma lógica que a realidade não tem”, acrescentou Dulce Maria Cardoso.

Autor de livros sobre os retornados do Ultramar, a escritora disse ontem que os colonialismos continuam, mas agora através de corporações mundiais sem face humana. Tem por isso medo pelas gerações vindouras.

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