O Secretário Regional da Agricultura e Florestas garantiu hoje que a SINAGA não está falida, que a suspensão da transformação de beterraba em açúcar é temporária e visa salvaguardar o futuro da empresa, a sua rentabilidade e os postos de trabalho.
“Diz-se que a empresa está em falência técnica. Não é verdade. O ativo da empresa é superior ao passivo em 800 mil euros”, afirmou João Ponte, que falava, em Ponta Delgada, depois de ter sido ouvido pela Comissão de Economia da Assembleia Legislativa.
João Ponte acrescentou que o passivo da empresa se mantém “estável” desde 2014 e que, no que se refere à dívida bancária, foi reduzida em 1,7 milhões de euros, de 2014 a 2016.
Quanto à situação de cedência de interesse público dos trabalhadores, mecanismo com renovação anual, o Secretário Regional salientou que 26 já têm a sua afetação definida, caso concordem com a solução proposta, havendo mesmo outros colaboradores, para além dos 44 previstos, que já manifestaram interesse em transitar também para a administração pública regional, pelo que o processo decorre de forma “absolutamente pacífica” e com o envolvimento dos próprios trabalhadores.
“Os trabalhadores são cedidos com os mesmos vencimentos”, afirmou, acrescentando que “os que irão para o Matadouro têm direito a um acréscimo significativo de vencimento que resulta do pagamento do subsídio de risco”.
João Ponte adiantou ainda que os restantes serão afetos ao Serviço de Desenvolvimento Agrário de São Miguel, ao Serviço de Classificação do Leite (SERCLA), ao Laboratório de Sanidade Vegetal e aos parques florestais, entre outros.
O Secretário Regional reiterou aos deputados da Comissão de Economia que a decisão tomada pelo Governo foi de suspender temporariamente a transformação da beterraba em açúcar na SINAGA, face aos elevados custos de produção, muito superiores ao preço da aquisição do açúcar nos mercados internacionais, mantendo a fábrica a componente da comercialização e eventual refinação, sem efetuar despedimentos.
Por outro lado, a suspensão da laboração de beterraba vai permitir uma redução dos custos operacionais de cerca de dois milhões de euros anuais.
João Ponte salientou ainda que é preciso ter em conta os efeitos do fim do regime da quota de açúcar na União Europeia, a instabilidade nos mercados do setor e a descida do preço do açúcar.
O Secretário Regional explicou que aumentar o valor pago pela matéria-prima (beterraba) de forma significativa tornaria incomportável o custo de produção do respetivo açúcar, com consequências diretas ao nível da competitividade da empresa.
Se a opção fosse reduzir o preço pago pela beterraba, por forma a aumentar a competitividade da açucareira, iria também contribuir, seguramente, para o afastamento dos produtores, daí a opção por suspender a atividade transformadora da fábrica.
João Ponte frisou que produzir hoje um quilo de açúcar na SINAGA pode custar cinco a seis vezes mais do que o preço de aquisição de açúcar nos mercados internacionais e que atualmente a produção anual de beterraba é de 100 hectares, que são transformados em 600 toneladas de açúcar, o que equivale a menos de 10% do consumo regional.
Quanto ao futuro da SINAGA, João Ponte admitiu que importa manter a marca, a atividade de comercialização e os canais de distribuição para que, quando for possível e estiver assegurada a viabilidade financeira da empresa, se possa voltar a transformar beterraba, numa nova fábrica, mais moderna e eficiente.