Foi apresentado o Porto de Virtudes que tem epicentro na Cooperativa Árvore e vai recuperar a história de um dos locais mais bonitos da cidade, aprofundando a cooperação entre a Universidade, a Árvore e a Câmara do Porto, assim como o CITCEM, a Google Artes & Culture Institute, entre outras.
Desenvolvido no âmbito do Mestrado em História da Arte, Património e Cultura Visual por estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o “Porto de Virtudes” transformou-se num projeto com aplicação concreta para a cidade: uma exposição física, ontem inaugurada na Cooperativa Árvore, uma exposição virtual, na plataforma Google Arts & Culture, e o desenvolvimento de um programa cultural integrado que promova o Passeio das Virtudes.
“É uma extraordinária colaboração” que põe “as instituições a funcionar em paralelo”, apontou Rui Moreira, citando Agustina Bessa-Luís para defender que “as coisas simples são indissolúveis e, não havendo nelas contradição, a tendência é para serem duráveis”.
Esse é mesmo o objetivo do projeto, que tem foco no Passeio das Virtudes e pretende recuperar a História do único espaço verde da área classificada como Património Mundial no Porto.
“Espero que este espírito de entreajuda e de colaboração na cidade continue”, pois “retrata e vai buscar a História” para, através das novas tecnologias, “disponibilizá-la não só aos interessados, mas àqueles que assim se vão interessar”, elogiou o presidente da câmara.
Como afirmou Rui Moreira, “a cultura, se mais não fosse para sermos mais felizes, seria algo que nós compraríamos, como compramos água e luz. Portanto, se tem um preço, nós estamos disponíveis para pagar”.
O retorno desse investimento traduz-se em recuperação da História e aprofundamento da fruição cultural que não somente pelos portuenses.
Com efeito, já galardoado com o Prémio Inovação Pedagógica da UP 2017, o “Porto de Virtudes” tem uma grande componente tecnológica que lhe dará longo alcance e porá um foco sem fronteiras sobre aquela “varanda” da cidade sobre o rio.
Lançado para potenciar a aprendizagem de um processo de investigação sobre uma paisagem histórica urbana, o projeto tinha desde o início também como meta a criação de um programa cultural que facilite o entendimento e conhecimento daquela zona do Porto, revalorizando-a e aproximando-a da cidade, ao mesmo tempo que vai ao encontro das políticas de dinamização e transformação do lugar num polo cultural e de lazer.
O Lugar das Virtudes que, no século XVIII, era dominado por uma quinta periurbana, foi alvo de um importante conjunto de transformações na passagem para o século seguinte. Foi, nomeadamente, criado um passeio público e consolidada a sua frente urbana.
Além disso, uma parte dos terrenos da quinta veio a dar lugar a um horto fundado por José Marques Loureiro (1830-1898), que se manteve até ao século XX e foi posteriormente transformado em Jardim Público pela Câmara do Porto.
O Passeio, o jardim, as habitações, a malha urbana e todos os equipamentos que o integram fazem das Virtudes um espaço de notável interesse patrimonial. As singulares características deste conjunto são já descritas em finais do século XVIII, salientando-se o seu valor paisagístico.
O “Porto de Virtudes” pretende, assim, dar a conhecer esta paisagem histórica urbana a partir de um diversificado conjunto de atividades que ontem teve início. Além da exposição virtual na plataforma do Google, a exposição física já está patente ao público na Cooperativa Árvore e terá sequência com um programa de visitas temáticas e workshops artísticos.
Foi ainda publicado o e-book “Passeio e Jardim das Virtudes: uma paisagem histórica urbana” (edição CITCEM), além de ser desenhado um programa de gestão cultural integrado e exclusivamente focado neste lugar urbano, incluindo algumas atividades que aplicam o conhecimento alcançado, como visitas temáticas conduzidas pelos estudantes envolvidos.