Uma obra de arte tecida com obras de arte
Tapeçaria de Portalegre
As Oficinas de Formação e Animação Cultural inauguram, esta sexta-feira, dia 24 de maio, pelas 18 horas, a exposição “Tapeçarias de Portalegre”.
A Tapeçaria surge em Portalegre em 1946, quando dois amigos, Guy Fino e Manuel Celestino Peixeiro, decidem fazer tapeçaria mural, utilizando um ponto original, hoje conhecido como o Ponto de Portalegre, inventado por Manuel do Carmo Peixeiro.
A Tapeçaria de Portalegre, que sempre acompanhou os movimentos artísticos, é uma obra de arte que resulta da parceria única entre o artista plástico, a desenhadora e as tecedeiras.
Partindo sempre de uma obra original é a sua transposição para um outro suporte, revelando uma outra dimensão dessa obra.
Passar do original à tapeçaria implica, numa primeira fase, a ampliação do original, a correção do desenho e a escolha das cores. A desenhadora amplia separando o essencial do acessório para que a obra final não adultere o original. A escolha das cores, correspondência entre a cor do original e mais de 7.000 cores de lã existentes na Manufactura, é também rigorosa para que, no final, o pintor identifique a tapeçaria como obra sua.
O resultado é o desenho de tecelagem que as tecedeiras seguem, fazendo progredir a tapeçaria no tear vertical, entrelaçando com as suas mãos a trama decorativa nos fios da teia.
Os materiais utilizados são 100% naturais: a pura lã, na trama decorativa e o puro algodão, na teia e na trama de ligação. A densidade de tecelagem é de 2.500 a 10.000 pontos por dm2.
As tapeçarias de Portalegre são editadas em séries limitadas de 1, 4 ou 8 exemplares, numerados e autenticados pelo artista através da sua assinatura no “bolduc” (certificado de autenticidade) o que lhe confere direitos de autor.
São já mais de duas centenas os pintores, nacionais e estrangeiros, que viram trabalhos seus passados a tapeçaria na Manufactura de Portalegre, como Almada Negreiros, Camarinha, Vieira da Silva, Pomar, Resende, Lurçat, Le Corbusier, Tom Phillips entre outros.
Nesta exposição, em Aljustrel, vão poder ser admiradas, até ao dia 22 de junho, duas grandes obras que integram o conjunto das oito tapeçarias Gare Marítima de Alcântara, da autoria de Almada Negreiros, e que pertencem à coleção da Associação Mutualista Montepio. São ainda apresentadas tapeçarias sob cartão de Armando Alves, António Charrua, Costa Pinheiro, Graça Morais, Menez, Nadir Afonso, entre outros.
A Tapeçaria de Portalegre, para além do seu impacto e valor estético, cria conforto pelas suas propriedades ambientais de isolante acústico e térmico. A Manufactura de Tapeçarias de Portalegre pode ser visitada com marcação prévia. As obras também se encontram em exposição e venda, na Galeria Tapeçarias de Portalegre, em Lisboa.