Em Portugal o azulejo é uma arte profundamente enraizada, transversal à sociedade portuguesa. Não raras vezes, essa mesma sociedade assume a maternidade, quase militante, destes pequenos quadrados cerâmicos que revestem os mais variados espaços, até mesmo os mais improváveis. Não sendo uma criação ou invenção portuguesa, de alguma forma, foi reinventada pelos portugueses, que lhe atribuíram novas possibilidades de utilização e comunicação. A capacidade de comunicar é precisamente uma das características do azulejo, não só através das narrativas que lhe são pintadas ou das suas simbologias, mas também pela circulação de técnicas de produção, pintura e trocas comerciais que se geraram no eixo mediterrânico (Itália, Marrocos, Espanha, França, Turquia) e no eixo atlântico com os Países Baixos e Portugal. O painel de culturas que permitiu aos portugueses pegar e desenvolver o azulejo, da forma como o fizemos, foi diverso e aberto, permitindo que, depois das primeiras encomendas, o País assimilasse e desenvolvesse competências próprias, que permitiram a criação de características nacionais ou, mais arrojadamente, estilos nacionais.