Este é um dia curto, mas que poderá ser estendido percorrendo o Trilho dos Pescadores em direcção à Arrifana ou continuando para sul, rumo às aldeias da Bordeira e Carrapateira. Atravessará vales perfumados e pequenas quintas enquanto se aproxima da costa, adivinhando já parte do trajecto do dia seguinte.
Do alto do lendário castelo de Aljezur, um dos sete que se encontram representados na bandeira de Portugal, contemplam-se os solos planos e férteis das várzeas, onde se cultiva a famosa e incomparável batata-doce de Aljezur. As ribeiras serpenteiam estes campos com as suas magníficas galerias de choupos, amieiros, freixos, tamargueiras e salgueiros. O Homem tem convivido com respeito e harmonia com esta natureza, fortemente marcada pelo efeito das estações do ano. Como resultado, encontramos uma paisagem agrícola muito rica em diversidade, especialmente no que diz respeito às plantas, insectos, aves, anfíbios e mamíferos. As borboletas rivalizam com as flores no colorido que explode na Primavera.
A saída da vila permite contemplar o vale da ribeira de Aljezur que se estende até à praia da Amoreira e imaginar como seria Aljezur no séc. XV, quando todo este vale era navegável, constituindo o único porto de abrigo da costa escarpada entre Vila Nova de Milfontes e Sagres. Aqui chegavam barcos de Lisboa, Flandres e Castela. Até se aproximar da costa, atravessará zonas de serra onde predomina o eucalipto, cuja progressiva plantação, devido à necessidade crescente de papel, vai descaracterizando a floresta da região. O eucaliptal diminui a biodiversidade, acima e abaixo do solo, gasta enormes quantidades de água, contribui para erosão do solo e leva ao esgotamento dos nutrientes minerais. Quando o mar surge no horizonte, numa paisagem varrida por ventos salgados, onde predominam os matos pouco desenvolvidos, já se adivinha a chegada à incomparável baía da Arrifana.