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Caminho Histórico da Rota Vicentina | Sabóia – Odemira

10 h | 1 locais
63.7 kmDistância
NormalDificuldade
10 hDuração

Começando na secular estação de comboios de Sabóia, este percurso, o mais extenso da Rota Vicentina, desenrola-se ao longo dos meandros do Rio Mira, onde nos sentimos a imergir na vastidão do espaço e dos sons e cores da natureza. Não há percurso melhor para sentir a Primavera alentejana.

Nas águas do Mira, para além dos peixes, abundam os cágados, as cobras-de-água e as lontras. A vegetação ribeirinha, dominada por choupos, freixos, amieiros, canas e salgueiros, é lugar de refúgio e criação para muitas espécies de aves, insetos e morcegos. Os juncais e caniçais das zonas húmidas, junto às margens, são essenciais para as aves migradoras. Algumas destas áreas inundáveis foram transformadas em várzeas agrícolas, de solos frescos e férteis.

Em contraste, as encostas adjacentes ao rio são áridas, com solos delgados e pobres, porque a erosão levou toda a carne e deixou apenas os ossos, como escreveu Miguel Torga. O sobreiro é das poucas árvores que consegue viver com tão pouco, dominando nessas vertentes sobranceiras ao rio. A casca dos seus troncos, a cortiça, tem grande importância na economia local. A primeira extração da cortiça acontece quando o tronco dos sobreiros tem 70 cm de diâmetro e 25 a 30 anos de idade. Por isso se diz que os sobreiros se plantam para os netos. A segunda cortiça retira-se 9 a 10 anos depois, mas são as tiragens seguintes que têm maior valor. O sobreiro tem uma longevidade de 150 a 200 anos e pode ser descortiçado cerca de 15 a 17 vezes. A extração faz-se entre Junho e Agosto, período em que a cortiça se desprende com maior facilidade. Trata-se de um trabalho muito especializado, pois é necessário descascar o sobreiro sem o ferir.

O Alentejo rural é descrito por Miguel Torga como um “mundo livre, sem muros, que deixou passar todas as invasões e permaneceu inviolado, alheio às mutações da História”. É esta integridade, feita também de dureza e solidão, que se pode sentir ao percorrer algumas grandes propriedades agrícolas locais, que no passado funcionavam como minúsculas aldeias, com igreja e escola.

A paisagem deste trilho, aparentemente imutável, esconde convulsões inacreditáveis. Já aqui viveram mamutes e leões-das-cavernas, elefantes e ursos. O aparecimento e a extinção destes grandes mamíferos relacionaram-se com as oscilações climáticas dos últimos dois milhões de anos, durante os quais mais de sessenta períodos glaciares foram interrompidos por curtos períodos quentes.

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