Esta é a etapa da água, onde se desvenda um Alentejo diferente, verde e vibrante de vida, com pegos e ribeiras refrescantes, a Ribeira do Torgal como protagonista e uma floresta viva, com abundância de espécies valiosas que cobrem as margens das linhas de água como salgueiros, amieiros ou freixos.
A primeira parte do percurso faz-se por campos agrícolas, montados e matos. As aves e os mamíferos abundam neste território onde o Homem e os animais selvagens coexistem mais ou menos pacificamente. Encontrará decerto sinais da presença do javali, que é comum nesta região. As aves insectívoras voam irrequietas de árvore em árvore, fazendo uma limpeza gratuita e eficaz das pragas da floresta. Há anos em que a meteorologia não ajuda ao sucesso das ninhadas dos chapins, trepadeiras e felosas. A falta destes cuidadores das árvores dá sinais evidentes, como a desfoliação dos sobreiros.
A segunda metade do percurso acompanha parte da belíssima ribeira do Torgal, o principal afluente do Mira. O Pego das Pias é um sítio de uma beleza única e onde apetece ficar, dentro ou fora de água. Sempre que passar por este lugar tão especial tenha o cuidado de não deixar lixo e de preservar o espaço envolvente. Nas margens e nos matos adjacentes, encontram-se dezenas de plantas aromáticas e medicinais, como a flor de carqueja na Primavera, orégãos no Verão e espargos no Outono. A chegada a Odemira faz-se com vistas sobre o rio Mira que serpenteia e ornamenta a paisagem no seu curso em direção a Vila Nova de Milfontes.