Neste dia caminha em direcção ao ponto mais a Sudoeste da Europa, um local mágico onde ecoam as vozes de peregrinos e navegadores. Falésias monumentais, panorâmicas arrebatadoras sobre a costa e um palco privilegiado para o fenómeno natural da migração outonal de aves planadoras.
Neste percurso a falésia, muito alta, proporciona perspectivas únicas. Ornitólogos e birdwatchers são atraídos a Sagres pela migração outonal de aves planadoras e de aves marinhas, que chegam a ultrapassar os 5000 indivíduos de mais de 300 espécies. Sagres é aliás, o palco do Festival de Observação de Aves que acontece anualmente em Outubro.
Podem avistar-se espécies migradoras como o cartaxo-nortenho, o chasco-cinzento, a toutinegra-de-bigodes, a toutinegra-tomilheira, a águia-calçada, o milhafre-preto, o bútio-vespeiro, a águia-cobreira, o gavião, o milhafre-real, o francelho, a ógea, o falcão-da-rainha, o tartaranhão-azul, o tartaranhão-caçador, o tartaranhão-ruivo-dos-pauis, a cegonha negra e diferentes espécies de abutres. Mais raras, surgem por vezes a águia imperial e águia real. Também algumas aves marinhas podem ser facilmente observadas, como a cagarra, o alcatraz, o moleiro, o garajau e a gaivina. A maior parte dos passeriformes migra durante a noite, descansando e alimentando-se durante o dia. Outras espécies migram durante o dia, como é o caso das águias, das cegonhas, dos flamingos, das alvéolas ou dos abelharucos. Entre as aves residentes, destaque para o sisão e para a gralha-de-bico-vermelho que têm em Vila do Bispo o único núcleo reprodutor no Sul de Portugal. O esmerilhão pode encontrar-se por aqui no Inverno.
A vegetação continua a ser protagonista neste percurso pelo alto da falésia. Atravessa-se a Reserva Biogenética de Sagres, um santuário para os botânicos, pelas plantas raras dos solos calcários, pelas espécies únicas no mundo ou pelas que se pensavam extintas e voltaram a aparecer por aqui. Os matos são dominados pelo tojo-do-sul, urzes, cardos, Lithodora lusitanica, alecrim, violetas, tomilhos e jacintos. Estará prestes a concluir o Caminho Histórico da Rota Vicentina, mas antes passará pela área denominada de Vale Santo, que foi durante séculos palco de peregrinações de devotos de S. Vicente, cuja viagem culminava no mosteiro que existia onde agora se localiza o farol.