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GR13 – Via Algarviana | Setor 14 – Vila do Bispo » Cabo de São Vicente

5 h
16.3 kmDistância
EasyDificuldade
5 hDuração

O final da viagem leva-nos até às falésias selvagens do Cabo de S. Vicente, passando por campos e zonas de pastoreio. Se gosta de observar aves, este é o local certo.

 

O último setor da Via Algarviana desenvolve-se em pleno Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, uma das áreas protegidas mais belas e valiosas do país. Ao longo do percurso deste último dia, o caminhante pode encontrar diversas endemismos florísticos, paisagens costeiras únicas e, com sorte, talvez veja algumas aves raras e emblemáticas desta zona, como a Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) ou o Falcão-peregrino (Falco peregrinus).

Da Igreja Matriz de Vila do Bispo, seguimos por aproximadamente 4 km para Sul, passando junto ao cemitério e entrando depois nos campos agrícolas, na maioria abandonados e parcialmente renaturalizados pelos matagais típicos desta região. Aqui, ainda há pastoreio e é provável que nos cruzemos com gado bovino nalgumas partes do trajeto.

O trilho tem um grau de dificuldade baixo: o relevo é bastante suave, à exceção de umas poucas colinas que surgem no horizonte.

Se tem interesse por menires e outros vestígios da pré-história, não se esqueça de que o concelho de Vila do Bispo tem a maior concentração de monumentos megalíticos da Península Ibérica (e mais antiga do Ocidente Europeu).

O percurso passa junto de pequenos montes rurais, como o de Catalão e o de Vale Santo. Este último fica numa das zonas mais interessantes para observar aves. Os extensos campos de cereiais e as pastagens formam o habitat de algumas espécies pouco comuns, como o Sisão (Tetrax tetrax). Na migração outonal, este é um dos corredores mais utilizados por aves de rapina em passagem. É também na zona do Vale Santo que a GR13 – Via Algarviana interceta a GR11 – Rota Vicentina.

Já com o farol do Cabo de São Vicente no horizonte, pode ainda visitar a praia do Telheiro e sentir a brisa do Oceano Atlântico pela primeira vez desde que começou a sua aventura.

Aqui, no Cabo de São Vicente, termina a grande viagem pela Via Algarviana. Este cabo era conhecido já na antiguidade, sendo descrito por Estrabão (historiador, geógrafo e filósofo) como o ponto mais ocidental da Ibéria. Os seus relatos falam também de rituais religiosos, mostrando que este é, desde tempos imemoriais, um local de peregrinação e misticismo. Não deixe de assistir ao fantástico pôr do sol sobre o mar e aprecie a paisagem deslumbrante e selvagem.

 

O QUE PODE VER?

» PATRIMÓNIO HISTÓRICO, ARQUEOLÓGICO E RELIGIOSO

  • Grande concentração de menires do Período Neolítico (cerca de 6 500 anos) perto de Vila do Bispo;
  • Igreja Matriz de Vila do Bispo, consagrada a Nossa Senhora da Conceição;
  • Capela de Santo António;
  • Fortaleza de Sagres e Igreja de Nossa Senhora da Graça;
  • Forte do Beliche e Capela de Santa Catarina;
  • Farol do Cabo de São Vicente;
  • Casario tradicional de remotas origens, nomeadamente em Vale Santo.

» NATUREZA

Este percurso está inserido no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV), também classificado como Sítio de Importância Comunitária “Costa Sudoeste”, ZPE (Zona de Proteção Especial “Costa Sudoeste”), IBA (Área Importante para as Aves) e inclui ainda a Reserva Biogenética de Sagres.

A migração pós-nupcial das aves é o fenómeno ornitológico mais relevante da península de Sagres. Devido à sua localização geográfica, a área regista uma grande abundância e diversidade de aves migradoras, de agosto a novembro, principalmente planadoras e passeriformes, que deixam os seus territórios de nidificação europeus a caminho de áreas de invernada na África subsariana. Por isso é normal ver muitos observadores de aves nesses meses, de binóculos nos olhos e telescópio apontado para o céu. Por esse motivo, desde 2010, a Câmara Municipal de Vila do Bispo, a Associação Almargem e a SPEA organizam no 1º fim de semana de outubro o Festival de Observação de Aves & Atividades de Natureza de Sagres, durante o qual decorrem dezenas de atividades.

Sagres é também importante como área de nidificação de aves rupícolas (que nidificam nas rochas), tais como o Falcão-peregrino (Falco peregrinus), o Andorinhão-real (Apus melba), o Andorinhão-pálido (Apus pallidus), o Melro-azul (Monticola solitarius) e a Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax). Destaque ainda para um caso único na Europa: a nidificação de Cegonha-branca (Ciconia ciconia) em falésias e ilhéus rochosos. Por sua vez, as zonas de planalto costeiro desempenham um papel importante para algumas espécies estepárias, como é o caso do Sisão (Tetrax tetrax), o Alcaravão (Burhinus oedicnemus), a Calhandrinha (Calandrella brachydactyla) e a Petinha-dos-campos (Anthus campestris).

É impossível não falar também da importância da flora desta zona. As peculiares condições climáticas (cruzamento das influências atlânticas e mediterrânicas) e a diversidade de substratos geológicos explicam em parte a abundância de endemismos, de onde se destacam os endemismos lusitanos e os exclusivos da Costa Vicentina, como Astragalus tragacantha vicentinus, Bellevalia hackelii, Centaurea fraylensis, Daucus halophylus, Hyacinthoides vicentina, Jonopsidium acaule, Linaria algarviana, Silene rothmaleri, Thymus camphoratus, Ulex erinaceus.

Os cetáceos (mamíferos marinhos) também merecem destaque: não é por acaso que se encontram em Sagres algumas empresas marítimo-turísticas que fazem saídas para observação de cetáceos. Destaque para algumas das espécies que podem ser observadas: o Golfinho-comum (Delphinus delphis), a Toninha (Phocoena phocoena), o Roaz-corvineiro (Tursiops truncatus) e o Golfinho-cinzento (Grampus griseus). Ocasionalmente, também se observa a Orca (Orcinus orca), a Baleia-anã (Balaenoptera acutorostrata) ou o Golfinho-listrado (Stenella coeruleoalba).

São tantos os tesouros de Sagres que fica clara a origem do seu nome: a palavra Sacrum – local sagrado.

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