A imponente Ribeira da Foupana, ruínas de moinhos, bosques de azinho e estevais são alguns dos tesouros deste trilho. As ruelas de Furnazinhas marcam o final.
O 2º setor da Via Algarviana começa em Balurcos, pequena povoação do concelho de Alcoutim. Do centro, o itinerário segue para sul, por caminhos rurais, muitos deles ladeados por muros, que delimitam as pequenas propriedades onde ainda se pratica alguma agricultura de subsistência.
A parte inicial do percurso é pouco acidentada, mas em breve começam a revelar-se os traços típicos da serra algarvia, com numerosos barrancos e linhas de água. Após a passagem junto ao IC-27, a paisagem começa a revelar-nos, aqui e ali, a presença da Ribeira da Foupana, o principal curso de água desta região e um dos mais bem preservados em todo o Algarve.
Ao passar por Palmeira, aprecie a arquitetura tradicional do mundo rural: repare nos típicos fornos de lenha, nas casas pintadas com cal e nas hortas ladeadas por valados. A paisagem alterna entre áreas florestais e densos estevais e, em breve, a Via Algarviana atinge a Foupana, junto ao antigo moinho de água “Moinho da Rocha do Corvo”. Teve grande importância no passado, mas hoje não é mais do que um conjunto de ruínas.
A travessia da Ribeira da Foupana é uma aventura saudável e uma boa oportunidade para descansar e merendar. No entanto, tenha atenção ao seu caudal antes de a atravessar para a outra margem: em altura de chuvas intensas pode tornar-se intransponível e perigosa.
Depois de a atravessar, vai ter a subida mais acentuada e longa deste setor. Aproveite a paisagem de bosques de azinho e o denso coberto arbustivo (vegetação que cobre o solo) até à Corte Velha, outro povoado serrano. Aqui, a agricultura e a pastorícia ainda têm forte presença, com reflexo na paisagem com vestígios da cultura de cereais e pastagens.
Vários moinhos de vento surgem no horizonte, hoje todos eles abandonados e em ruínas, e algumas eiras, construções circulares em locais expostos aos ventos, geralmente tratadas de forma cuidada, pela sua função nobre: local de separação do grão (cereal, tremoço, grão) da palha ou ramo.
Continuando o percurso, chegamos a um depósito de água no topo de uma colina. Pare e aprecie a vista privilegiada para Furnazinhas. Depois, descendo por uma rampa empedrada siga pela Rua do Fontanário até à EM 505, o principal acesso de Furnazinhas. Este belo povoado serrano está muito bem preservado e ainda guarda muito das tradições culturais do interior algarvio. Aproveite para uma visita que lhe ficará na memória, encerrando o segundo setor da Via Algarviana.
» PATRIMÓNIO HISTÓRICO, ARQUEOLÓGICO E RELIGIOSO
- Património rural (eiras, palheiros, poços, noras);
- Fornos comunitários;
- Moinho Preto e Moinho Branco, de vento (em ruínas), nas Furnazinhas;
- Antiga Mina de Cobre nas Furnazinhas.
» NATUREZA
A Ribeira da Foupana é uma das ribeiras mais bem preservadas do Algarve, com uma rica vegetação ribeirinha com freixos, salgueiros e loendros.
De caudal permanente, também a Ribeira de Odeleite possui uma grande variedade de fauna e flora, oferecendo panoramas únicos de rara beleza.
Neste setor, dê também atenção aos bosques de azinho (Quercus rotundifolia) e de sobro (Quercus suber). Este é o habitat de alguns mamíferos, como a Lebre (Lepus capensis) e o Coelho (Oryctolagus cuniculus), que por vezes se deixam avistar, e o Javali (Sus scrofa) e a Raposa (Vulpes vulpes), mais difíceis de ver.
Área de ocorrência de dezenas de espécies de aves. Poderá ver, durante todo o ano, as residentes Águia-perdigueira (Aquila fasciata) e Toutinegra-do-mato (Sylvia undata); e, na Primavera, a Águia-cobreira (Circaetus gallicus) e o Solitário (Cercothricas galactotes).