Trilho exigente, acompanhado em grande parte pelo espelho de água da Barragem do Funcho. Prepare-se para serpentear os cumes e declives da serra, até ao centro histórico de Silves.
O setor 9 da Via Algarviana começa no centro da vila de São Bartolomeu de Messines, junto da Igreja Matriz. O itinerário segue pela rua da antiga Casa de João de Deus, poeta e pedagogo autor da famosa “Cartilha Maternal”, e atravessa toda a vila, até à linha de caminho de ferro.
Depois de atravessar a linha de caminho de ferro, no Bairro do Furadouro, segue agora por um caminho entre muros, limitado a Sul por zonas rurais e a Norte por floresta de sobreiral. Passa por Barradas e depois atravessa a EN 1079, aproximando-nos da serra, onde a paisagem muda significativamente.
Aí, já com a Ribeira do Arade à vista, a Via Algarviana toma um caminho de enorme beleza, sempre ao longo deste curso de água, um dos maiores do Algarve. Ao longo do trilho, vai poder desfrutar das belas paisagens do vale fluvial e dos seus afluentes, aninhados na serra.
Antes do paredão da Barragem do Funcho há um parque de merendas: aproveite para um merecido descanso e reponha energias. Vai precisar delas na subida que se segue. Neste ponto, pode admirar toda a envolvente da barragem, os cerros ondulados e algumas ruínas nas margens, marca da presença humana no passado.
Depois de passar sobre o paredão da barragem, espera-o uma subida com cerca de 2 km. Esta é a parte mais dura deste setor.
A Via Algarviana continua ao longo da Ribeira do Arade, infletindo mais adiante para o interior da serra. Até Enxerim, o percurso acompanha um vale coberto de eucaliptos, onde pode ver pequenas lagoas ou barragens, hortas e pomares de fruta. Atravessa depois a Ribeira do Enxerim e prossegue até à estrada nacional em direção à encantadora cidade de Silves.
O percurso termina na zona histórica desta cidade, junto à imponente Sé Catedral e ao inconfundível Castelo, de cor vermelho ocre devido à utilização do grés de Silves. Aproveite para explorar os recantos e segredos desta cidade antiga e histórica do Algarve.
» PATRIMÓNIO HISTÓRICO, ARQUEOLÓGICO E RELIGIOSO
- Castelo de Silves (Monumento Nacional);
- Casa da Cultura Islâmica e Mediterrânica – Largo da República, Jardim Cancela de Abreu / Telf: (+351) 282 442 096;
- Centro de Interpretação do Património Islâmico – Largo do Município / Telf: (+351) 282 440 800;
- Cruz de Portugal – GPS: N37°11’40.06” W8°25’57.09”;
- Igreja da Misericórdia – GPS: N37°11’23.87” W 8°26’20.72”;
- Igreja dos Mártires – GPS: N37°11’22.14” W8°26’38.70”;
- Museu Municipal de Arqueologia de Silves / Poço cisterna árabe – GPS: N37°11’20.53” W 8°26’20.21”;
- Palacete dos Viscondes de Lagoa / Palacete Aurora Grade;
- Pelourinho – GPS: N37°11’19.52” W8°26’23.11”;
- Ponte Velha – GPS: N37°11’12.34” W 8°26’18.41”;
- Portas da Cidade – GPS: N37°11’19.55” W 8°26’22.66”;
- Sé Catedral de Silves (Monumento Nacional) – GPS: N37°11’23.79” W8°26’19.59”;
- Teatro Mascarenhas Gregório – Cruzamento das ruas Cândido dos Reis e Diogo Manuel.
» NATUREZA
Este é um setor extenso e com uma paisagem variada. Integrado na Rede Natura 2000, o Sítio Arade/Odelouca (PTCON0052) desenvolve-se ao longo dos troços finais do Rio Arade e da Ribeira de Odelouca.
Este sítio ganha especial relevância, em parte, devido à sua importância para a diversidade genética de ciprinídeos (família de peixes), onde se destaca a Boga-do-Sudoeste (Chondrostoma almacai). Esta é uma espécie endémica que ocorre apenas nas bacias dos Rios Mira e Arade e cujo estatuto de conservação é “Criticamente em perigo” (CR).
Na bacia hidrográfica do Arade foram construídas duas barragens, próximas uma da outra: a Barragem do Funcho, que vai acompanhar numa parte considerável do percurso, e a do Arade. Estas duas albufeiras têm como finalidade quase exclusiva, neste momento, o fornecimento de água para uso agrícola. Permitiram a propagação dos pomares de citrinos, que deixaram de se localizar apenas nos terrenos férteis e planos e passaram a ser cultivados também nas encostas dos cerros calcários, estruturados em socalcos, substituindo os pomares de sequeiro, outrora “reis” da economia do Algarve. Esta é uma das razões pelas quais se registou um decréscimo do valor ecológico desta zona, com perda de biodiversidade.
A Sul da Barragem do Funcho pode avistar o Centro Nacional de Recuperação do Lince-ibérico. Foi construído como medida de sobrecompensação por parte da empresa Águas do Algarve – Grupo Águas de Portugal devido à criação da Barragem de Odelouca. O seu objetivo principal é ter exemplares de lince-ibérico adequados do ponto de vista etológico, sanitário, reprodutivo e genético, para serem reintroduzidos nas suas áreas de distribuição histórica. Este mamífero (Lynx pardinus) é endémico da Península Ibérica e considera-se estar “Em perigo” (EN).