Este percurso circular com partida da aldeia da Carrapateira permite contemplar e experimentar de perto a relação tão próxima das gentes desta terra com o mar. Ao longo do percurso encontra vários miradouros com vistas soberbas sobre as escarpas e os areais da Bordeira e do Amado e ainda as ruínas de um antigo povoado islâmico sazonal de pescadores.
Vale a pena demorar-se na praia da Bordeira para apreciar como o mar esculpiu a areia em formas harmoniosas que vão mudando com as estações do ano. Esta praia, única e cheia de recantos, resultou da interação entre os sedimentos vindos de Monchique, os depósitos deixados pelo mar, o trabalho insistente do vento e os caprichos das marés e das correntes. A Carrapateira faz as delícias dos veraneantes, dos surfistas, dos caminhantes, dos pescadores, dos perceveiros, dos biólogos … Nas dunas, a vegetação é exuberante: tomilho, perpétuas amarelas, alecrim, rosmaninho, camarinhas, morrião-das-areias, limónio, esteva…
O rendilhado das falésias começa a ganhar novas formas, uma vez que a rocha começa a ser calcária a partir daqui, para sul. O calcário dissolve-se facilmente na água da chuva, que é levemente ácida. Assim, a ação da água do mar, erodindo a falésia por baixo, combinada com a dissolução do topo, provocada pela chuva e pela água de escorrência, dá origem a buracos, cavernas, arcos e colunas de rocha. Materiais que se encontravam no seio do calcário, mas que são insolúveis, como as argilas vermelhas, formam depósitos rubros que contrastam com a alvura da rocha calcária.