Partindo da aldeia de Besteiros, segue-se em direção a este e à fronteira, subindo e descendo montes cobertos de estevais e montados de sobro, com uma presença mais marcada de eucaliptais e pinhais. No vale da ribeira do Soverete, as escarpas quartzíticas abrigam uma pequena colónia de abutres, os grifos. Logo pela manhã é possível vê-los em voos circulares baixos sobre o vale a tentarem ganhar altitude. No extremo do percurso, quase com um pé em Espanha, encontramos o seu ex-libris, a ermida de N. Sra. da Lapa, protegida pela escarpa onde foi construída entre os séc. XVI e XVII, com uma ancestral lenda envolvendo um cavaleiro medieval incrustada na sua adoração, se bem que descobertas recentes iluminaram vestígios de um rico e colorido passado pré-histórico. Com efeito, sob o altar da capela-mor foi encontrada uma passagem secreta com ligação a uma gruta que, sob camadas de tempo e cal, revelou pinturas rupestres esquemáticas de tons avermelhados, datadas de entre o Neolítico e o Calcolítico. Subindo e descendo montes, atravessa pinhais e eucaliptais até que, numa última descida, somos transportados(as) ao Vale de Mouro, um magnífico montado adulto. Mais adiante, os sobreiros dão lugar a pastagens percorridas por rebanhos de cabras e logo a seguir regressamos ao ponto de partida.
Natureza: colónia de grifos (Gyps fulvus) no vale da ribeira do Soverete perto da ermida de N. Sra. da Lapa. Paisagem formada por matas de pinheiro-bravo e de eucalipto. Em alguns troços referência para o montado de sobro com pastagens em regime extensivo.
Artesanato: bonecas de trapos; tapeçarias (ponto de Portalegre), cestaria e adufe de Portalegre.
Gastronomia: cozido de grão com vagens à alentejana; bacalhau albardado; cachola; coelho em vinha d’alhos; lebre frita. Doçaria (manjar branco, toucinho-do-céu, lampreia de amêndoa, rebuçados de ovos). Cereja de S. Julião (DOP).