Trilho circular de 7,5 km na Mexilhoeira Grande (Portimão). As salinas e o sapal fervilham de vida – aves, peixes, anfíbios, moluscos… Os fósseis da Quinta da Rocha são outro destaque deste percurso.
O percurso parte da estação de comboios da Mexilhoeira Grande, seguindo pelo caminho de terra batida junto ao caminho-de-ferro. No cruzamento seguimos em frente, passando junto às casas para depois ter uma vista sobre as salinas e a Ribeira de Odiáxere, à direita.
Sugerimos uma incursão pelo sapal, onde poderá observar algumas aves e desfrutar de uma ampla vista sobre Alvor.
Regressando ao cruzamento anterior, toma-se o caminho à direita que sobe em direção à estação de comboios.
Quinta da Rocha
A área geralmente conhecida como Quinta da Rocha é, na verdade, uma península traçada pela Ribeira de Odiáxere (a poente) e pelo rio Alvor (a nascente), que se juntam e dão origem à ria de Alvor. Na arriba do promontório da Quinta da Rocha, formada por rochas calcárias, podemos ver fósseis e conchas de bivalves com 23-25 milhões de anos (do período Miocénico).
A nível de flora destacam-se algumas espécies de orquídeas, um dos grupos de plantas que mais aficionados reúne.
Estuário, sapal e salinas
A Ria de Alvor é o estuário mais importante do Barlavento algarvio, com cerca de 350 hectares de bancos de areia, vasa e sapal. As ribeiras de Odiáxere, Arão, Farelo e Torre desaguam na ria, formando uma laguna costeira com mais de 2,50 km de comprimento.
No estuário a água doce dos rios encontra-se com a água salgada do mar. Daqui resultam variações de salinidade que, associadas à subida e descida das marés e à presença de nutrientes, permitem normalmente uma grande biodiversidade.
Em zonas mais protegidas do estuário, onde a água não é muito agitada, surgem os sapais. São considerados dos habitats mais produtivos do planeta, por acumularem nutrientes de toda a bacia hidrográfica dos rios e ainda nutrientes trazidos pelas marés. As plantas dos sapais estão adaptadas à um meio com elevado nível de sal e algumas absorvem e fixam metais pesados, muito tóxicos para outras espécies. Algumas espécies são, portanto, capazes de purificar as águas poluídas. Estas condições levaram a que as populações criassem aqui salinas.
Centro de Estudos e Observação da Natureza
Fundado em 1983 pela Associação não-governamental “A Rocha”, o centro fica na Quinta da Rocha e tem desenvolvido estudos nesta zona húmida. Tem também atividades regulares como a anilhagem de aves e ações de educação ambiental com escolas e a população em geral.
Fauna
A Ria de Alvor serve de porto de abrigo a imensas espécies de aves: é como uma “estação de serviço”, fundamental para aves em trânsito entre a Europa e África. Na primavera e verão podemos avistar o pernilongo (Himantopus himantopus) a nidificar. Já no inverno o sapal é utilizado por aves que fogem aos rigores das latitudes mais a norte, como o perna-vermelha (Tringa totanus), o borrego-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula), o ostraceiro (Haematopus ostralegus) ou o flamingo (Phoenicopterus ruber). Uma das espécies que suscita mais interesse é a águia-pesqueira (Pandion haliaetus), que é atraída aqui pela abundância de alimento.
Este local serve também de maternidade a numerosas espécies, de peixes e moluscos, valiosas para os pescadores locais. É o caso do choco, mas também da amêijoa e do berbigão. Durante a maré baixa podemos ver dezenas de mariscadores curvados sobre a terra escura.
Também os anfíbios merecem destaque, do sapo-corredor (Epidalea calamita), à salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra) e ao tritão-marmorado (Triturus marmoratus).