Percurso circular de 4,7 km que parte de Alvor. A ria, o estuário, as dunas e o sapal são locais de equilíbrio frágil mas com uma riqueza imensa de animais e plantas.
O percurso começa no parque de estacionamento do Porto de Pesca de Alvor, junto à Piscina Municipal. Daqui segue pelo passadiço e vira à direita, contornando a Ria de Alvor até à Ponta do Medo Grande.
Aconselhamos um pequeno desvio pelo passadiço que encontra do seu lado esquerdo até ao miradouro, onde poderá apreciar a vista panorâmica sobre a Ria de Alvor. Retomando o percurso principal, vai seguir pela areia, ao longo da Praia de Alvor, durante cerca de 1 km.
Ajude-nos a conservar este local único: evite circular pela duna. É um ecossistema frágil e ao pisar a vegetação estará a contribuir para a degradação deste habitat, que necessita de muito tempo para se formar. Não se esqueça de que alguns animais, como aves, mamíferos, répteis ou até mesmo insetos, vivem neste local e são facilmente afectados pela presença humana.
Ria de Alvor
Das serras de Monchique e Espinhaço de Cão convergem quatro pequenas ribeiras que se juntam e formam a ria de Alvor. A ria está protegida das investidas do mar por duas línguas de areia, as praias e dunas de Alvor e da Meia-Praia.
No interior do cordão dunar de Alvor há importantes habitats, como o sapal e o estuário, com uma rica biodiversidade, num processo de equilíbrio dinâmico permanente.
O valor e a importância natural da ria levaram a que fosse integrada na Convenção Ramsar (Convenção Internacional sobre Zonas Húmidas) e reconhecida como Sítio de Importância Internacional, ao abrigo da Diretiva Habitats.
A ria de Alvor e a região envolvente têm dois sítios arqueológicos classificados: a necrópole de Alcalar e as ruínas romanas da Abicada, que testemunham a importância deste sistema lagunar na fixação humana ao longo dos tempos.
Dunas
Os habitats dos sistemas dunares são extremamente frágeis e dinâmicos. A areia e as plantas mantêm um equilíbrio permanente. As dunas formam-se na praia, junto à linha de água, avançando depois para o interior. Protegem a faixa terrestre contra a erosão e funcionam como zona de amortecimento quando há tempestades e cheias.
- Flora
O cardo-marítimo (Erygium maritimum) e o feno-das-areias (Elymus fartus) têm uma função essencial no equilíbrio das dunas. São eles que criam as condições para que outras espécies mais complexas, como o narciso-das-areias (Pancratium maritimum) e o estorno (Ammophila arenaria), colonizem depois as dunas, estabilizando-as e fixando-as com o seu sistema de raízes. - Fauna
Aves, mamíferos e répteis usam as dunas quer como habitat permanente, quer como local de reprodução. Estas são algumas das espécies que aqui pode encontrar:- Aves nidificantes (fazem os seus ninhos nas dunas): chilreta (Sternula albifrons) e borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus).
- Aves residentes: falcão-peneireiro (Falco tinnunculus), cotovia-de-poupa (Galerida cristata), fuinha-dos-juncos (Cisticola juncidis), pintassilgo (Carduelis carduelis), pintarroxo (Linaria canabina) e milheirinha (Serinus serinus).
- Répteis: sardão (Timon Lepidus) e cobra-rateira (Malpolon monspessulanus).
- Mamíferos (em busca de abrigo e alimento): ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus), lebre (Lepus granatensis) e raposa (Vulpes vulpes).
Sapal
O sapal é uma zona de transição entre a terra e o mar. Fica coberto por água salgada durante a preia-mar e a descoberto durante a maré-vazia, formando uma proteção natural entre o estuário e o meio terrestre. Aqui, os sedimentos e os nutrientes sofrem uma decomposição lenta, que dá origem a um solo fofo e escuro. As plantas são muito resistentes à salinidade (as chamadas plantas halófitas) e desempenham um papel fundamental no equilíbrio do habitat: filtram e degradam nutrientes e poluentes, depurando a água e melhorando assim a sua qualidade. Servem também de abrigo a inúmeros seres vivos.
- Flora
Encontramos aqui espécies de plantas adaptadas às diferentes zonas, mais ou menos submersas pela água salgada, de acordo com as marés.
Nas zonas submersas por água salgada durante os períodos de preia-mar, temos a morraça (Spartina maritima) e a salicórnia (Salicornia sp.). Nas zonas mais altas, onde a água salgada raramente chega, encontram-se o junco (Juncus sp.) e as gramíneas, que dão um colorido especial a estas áreas. Nas zonas intermédias, destaca-se a pútega-do-sapal (Cistanche phelypaea).
- Aves
No sapal podemos ver a garça-branca (Egretta garzetta), o borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus), o pilrito-de-peito-preto (Calidris alpina), o maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa), o maçarico-galego (Numenius phaeopus) e o perna-vermelha (Tringa totanus).
Estuário
O estuário de Alvor é o mais importante do Barlavento algarvio. O ciclo das marés determina o seu ritmo. Quando a maré vaza, enquanto os mariscadores mexem nos sedimentos para fazer a apanha de berbigão e amêijoa, as aves aquáticas banqueteiam-se com os muitos seres vivos que se reproduzem nas areias ou que ficam presos nas pequenas linhas de água que se formam e vão para o mar.
- Aves
Nos bancos de areia, a descansar ou a alimentar-se, encontramos pilritos-das-praias (Calidris alba), ostraceiros (Haematopus ostralegus), maçaricos-galegos (Numenius phaeopus), borrelhos-grandes-de-coleira (Charadrius hiaticula), borrelhos-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus), corvos-marinhos-de-face-brancas (Phalacrocorax carbo) e várias espécies de gaivotas.
Nas zonas com água podemos ver a andorinha-do-mar-anã (Sternula albifrons), na primavera e verão; o garajau-comum (Sterna sandvicensis), no outono e inverno; e a garça-branca (Egretta garzetta), todo o ano.
- Peixes e mamíferos
Entre os peixes, destaque para o sargo (Diplodus sp.), a dourada (Sparus aurata), o robalo (Dicentrarchus labrax) e o linguado (Solea sp.).
Nos mamíferos, temos a lontra (Lutra lutra), cujas pegadas e dejetos podem ser vistos nas margens do estuário.