Percurso circular de 6,8 km que parte da Fóia, o ponto mais alto do Algarve, com vistas até ao mar. Atravessa uma zona com adelfeiras, espécie endémica da serra de Monchique, e encostas em socalcos.
O percurso tem início na Fóia, o ponto mais alto do Algarve (902m). Segue pela estrada asfaltada; depois, no cruzamento continua em frente e começará a descer em direção à EN 266. A descida é rodeada por paisagens de rosmaninho (Lavandula luisera), urzes (Erica spp), esteva (Cistus ladanifer) e a famosa adelfeira (Rhododendron ponticum subsp. baeticum), que é facilmente identificada na época de floração.
Aproveite a soberba vista: consegue ver até ao litoral do Algarve! O final da descida é feito por uma estrada de calçada. Siga com muito cuidado e cumprindo as normas de segurança enquanto caminha na EN 266, pois a circulação automóvel é constante. Aqui poderá fazer uma pausa para reabastecimento de forma a preparar-se para o regresso.
Depois o percurso vira à esquerda, deixando o asfalto, e a caminhada faz-se agora por caminho de terra batida. Desfrute da natureza verdejante e do ar puro. Vai passar por vários socalcos onde ainda se pratica o pastoreio. Depois, encontra-se com a GR13 – Via Algarviana quase até ao topo da Fóia. Em dias de céu limpo, aproveite para contemplar a vista sobre todo o Algarve e até parte do Alentejo.
Flora
A Serra de Monchique é um território mediterrânico com forte influência atlântica. O seu clima, particularmente na parte superior da serra, onde a precipitação anual é mais do dobro da que ocorre em boa parte do Algarve, explica as características especiais da flora, face à restante vegetação algarvia. Para a riqueza botânica da serra contribui também, além da abundância de chuva, a diversidade litológica.
De forma geral, os bosques autóctones de sobreiros e as florestas plantadas de pinheiro e eucalipto dominam a paisagem. Os eucaliptais são explorados sobretudo para produzir pasta de papel. O medronheiro cresce abundantemente entre os sobreiros e os pinheiros.
Perto do cume dos cerros podem ser encontradas espécies raras como a adelfeira (Rhododendron ponticum subsp. baeticum), a rosa-albardeira (Paeonia broteroi) e a orquídea Neotinea maculata, característica das zonas de bosque.
A Serra de Monchique, graças às características atlânticas, marca o limite sudoeste onde é possível encontrar algumas espécies de plantas. Na parte superior, mais influenciada pelo Atlântico, há por exemplo o tojo molar (Ulex minor subsp. lusitanicus) e a arenária (Arenaria montana L.).
Mas os motivos de interesse não se ficam por aqui: destaca-se a presença, no sub-bosque dos poucos soutos que restam, de Doronicum plantagineum que encontra, em Monchique, o limite a sul da sua distribuição em Portugal, e ainda Senecio lopezii, endemismo do sudoeste peninsular que, no nosso país, apenas aqui se pode encontrar. E nas superfícies mais frescas há ainda alguns exemplares de Quercus canariensis, um carvalho que, em Portugal, só cresce de forma espontânea nestas paisagens serranas, e por isso é chamado vulgarmente de carvalho-de-Monchique.
Fóia
É o ponto mais alto do Algarve, com 902 m de altitude. A partir do miradouro, com uma vista privilegiada para sul, vêem-se os terrenos que se estendem até à linha de costa. Na paisagem destacam-se amontoados pedregosos, designados por caos de blocos, típicos de zonas onde predominam rochas maciças, como os sienitos, os granitos e afins.
No Algarve, a queda de neve é muito rara. A Fóia é o lugar mais provável para ocorrer esse fenómeno – diz-se que de sete em sete anos. A geada é mais frequente no lado norte, e todos os anos há suficientes dias de temperaturas baixas para permitir uma boa produção de maçã.
Socalcos
Nos socalcos das encostas, construídos para controlar a erosão provocada pela água da chuva nos terrenos inclinados, crescem laranjeiras, cerejeiras, pessegueiros e castanheiros. Estes terraços agrícolas são também zonas de pastoreio de cabras e vacas.
A adelfeira, espécie endémica (Rhododendron ponticum subsp. baeticum)
Endemismo ibérico, isto é, uma espécie que só existe numa determinada região, neste caso a Península Ibérica. É talvez o mais notável sobrevivente da antiga floresta Laurissilva, que existia no território do continente e que foi praticamente destruída pelas glaciações do período Pleistocénico (era que se iniciou aproximadamente há 2 milhões de anos e terminou há cerca de 10 mil anos).
Hoje, a adelfeira cresce de forma espontânea em alguns pontos da serra de Monchique e da serra do Caramulo, em Portugal, e no Maciço do Aljibe, na Andaluzia espanhola. Dada a sua escassa distribuição geográfica, e o isolamento destas populações, a espécie encontra-se ameaçada.
Em Monchique, esta espécie encontra-se em solos com elevado teor de humidade, em ambiente subatlântico. No entanto, no limite inferior da sua distribuição encontram-se elementos mediterrânicos, que ocorrem, por vezes, também como resultado da degradação destes habitats.
A adelfeira contém alcalóides venenosos para o gado e, por isso, em Monchique, diz-se ser indicada como ingrediente principal para a confeção do “chá das sogras”. É tema de uma canção popular de Monchique.