Percurso circular de 16,6 km. Partindo da Fóia, o ponto mais alto do Algarve, o trilho passa por cascatas, bosques e exemplares da flora única da serra de Monchique.
O percurso tem início na Fóia, o topo do Algarve. Daqui segue para Este, pela estrada asfaltada, e desvia depois para a esquerda, descendo pelo caminho antigo para a Fóia em direção à cascata do Penedo do Buraco, por entre castanheiros.
Caminha-se um pouco pela estrada e, ao cimo, segue-se pelo caminho à direita, passando pelo Barranco do Preto e Cimalhadas, com uma bonita vista panorâmica para Norte.
Alcança-se de novo a estrada, junto à Cruz da Fóia, com vista para o Penedo do Buraco, e toma-se um caminho de terra batida à direita, descendo em direção à cascata do Chilrão. Local para descanso, pois a seguir o percurso sobe em direção à cascata de Barbelote e à pequena povoação que lhe dá nome.
Atravessam-se socalcos antigos onde ainda se pratica a pastorícia e chega-se de novo, pelo mesmo caminho que se percorreu anteriormente, ao Penedo do Buraco, onde encontra também a GR13 – Via Algarviana. Segue-se por um trilho estreito junto à barragem e sobe-se até à Fóia, ao ponto inicial deste percurso.
» PATRIMÓNIO NATURAL
Geologia
É aqui, na Serra de Monchique, que se encontra o ponto mais alto do Algarve, a Fóia, com 902 m de altura (local onde se inicia este percurso). Esta serra é, no conjunto da região algarvia, uma zona diferenciada do ponto de vista geológico, tanto pela altitude, como também por ser formada por afloramentos de sienitos nefelínicos. O relevo é bastante sinuoso, com vários vales e barrancos profundos, ricos em linhas de água cobertas de galerias ripícolas.
Flora
Incluída na Rede Natura 2000, a Serra de Monchique, muito rica a nível botânico, é uma “ilha” litológica e climática. Trata-se de um território mediterrânico com forte influência atlântica, e tem a mais elevada precipitação média da região.
Originalmente, o coberto vegetal arbóreo deste território era dominada por carvalhos, com destaque para o carvalho-de-Monchique (Quercus canariensis). Atualmente, devido à ocupação e às atividades humanas, predominam as áreas de eucaliptos e pinheiros, que intercalam com manchas de espécies autóctones como os sobreiros (Quercus suber), medronheiros (Arbutus unedo) e zimbros (Juniperus turbinata).
Ainda se podem econtrar aqui algumas plantas raras e/ou endémicas, como é o caso da adelfeira ou rododendro (Rhododendron ponticum subsp. baeticum) endémica do oeste da Península Ibérica, a arméria-de-Monchique (Armeria beirana subsp. monchiquensis), a orquídea rara da espécie Epipactis lusitanica, o raro feto da espécie Asplenium obovatum subsp. protobillotii, a erva-pinheira-orvalhada (Drosophyllum lusitanicum) e o rosmaninho-branco (Lavandula viridis), que apenas vive no Alentejo meridional e Algarve serrano.
Mamíferos
Ao longo do percurso, a vegetação é muito diversa, albergando também uma diversidade de animais, como a raposa (Vulpes vulpes), o javali (Sus scrofa), a geneta (Genetta genetta) e o saca-rabos (Herpestres ichneumon).
Aves
Podem observar-se durante todo o ano as seguintes espécies:
- escrevedeira (Emberiza cirlus)
- cia (Emberiza cia)
- toutinegra-do-mato (Sylvia undata)
- peto-real (Picus viridis)
- chapim-de-poupa (Lophophanes cristatus)
- estrelinha-real (Regulus ignicapilla)
No céu podem avistar-se aves de rapina, como a águia-perdigueira (Aquila fasciata), a águia-real (Aquila chrysaetos) e, durante a primavera e outono, a águia-cobreira (Circaetus gallicus).
» ROTA DAS ADELFEIRAS
Esta pequena rota temática permite observar elementos florísticos singulares com elevado valor paisagístico e conservacionista, sendo possível contemplar relíquias da vegetação que dominava neste território há alguns milhares de anos atrás, quando o clima na Península Ibérica era do tipo subtropical. Destas, destacam-se os raros e belos adelfeirais (de adelfeira = Rhododendron ponticum subsp. baeticum), que aqui permanecem graças às condições microclimáticas únicas deste local e que são alvo de conservação do projeto Life-Relict.
» AS CASCATAS
Cascata do Penedo do Buraco (N37º19’24.83” W8º34’55.91”)
É uma cascata temporária, pois não apresenta água durante todo o ano. Encontra-se a 650 m de altitude, na vertente nordeste da Fóia, entre soutos e socalcos cultivados. O seu encanto deve-se ao facto de estar situada num penedo praticamente inacessível, colocado a descoberto pela erosão. Tornou-se assim num refúgio privilegiado para a nidificação de algumas espécies de aves.
Cascata do Chilrão (N37º19’01.82” W8º37’08.06”)
Tem origem numa área onde dominam as rochas corneanas (rocha de cor escura, aspeto maciço e dureza elevada), formando uma das “cabeceiras” da Ribeira da Cerca, que percorre toda a região oeste do concelho de Monchique e desagua na praia da Amoreira, em Aljezur. Junto ao Caminho Municipal 1067 existe um parque de merendas onde pode parar e apreciar calmamente toda a beleza da queda de água.
Cascata do Barbelote (N37º19’00.28” W8º34’46.76”)
Esta é uma das cascatas mais bonitas do concelho de Monchique, devido em grande parte ao seu contexto geológico muito particular. A sua bacia ocorre numa zona fraturada, e os amontoados pedregosos que sobressaem da paisagem e se denominam de caos de blocos, localizados a montante, contribuem muito para esta beleza. Localizada junto a um antigo povoado com o mesmo nome, a cascata do Barbelote é, pela dimensão do desnível e pelo volume do caudal, a mais imponente das três cascatas visitadas durante este percurso. Este é talvez um dos maiores tesouros da Serra de Monchique.
Atenção: O acesso a esta cascata é difícil e perigoso. Visitar a cascata é da inteira responsabilidade do visitante. Nunca tente visitar a cascata sem ter roupa, calçado e material indicado para o efeito.