Embora as atividades de contrabando entre Portugal e Espanha estivessem, à partida, mais facilitadas nas zonas de “raia seca”, a pobreza e a falta de outras oportunidades, levou, desde tempos imemoriais, os habitantes de Alcoutim a dedicarem-se também ao comércio ilegal de mercadorias, face às leis vigentes.
O contrabando na fronteira entre Portugal e Espanha ter-se-á iniciado no século XIII, após a demarcação mais ou menos definitiva da fronteira entre os dois países. O seu auge ocorreu entre os anos 30 e 60, muito em particular durante a Guerra Civil espanhola (1936-1939).
O contrabando organizado sempre teve produtos preferenciais que foram variando ao longo dos tempos. De Portugal saía café, açúcar, ovos, arroz, sabão, farinha, pão, figos, lã e tabaco, cujo destino eram localidades próximas, como El Granado ou Villanueva de los Castillejos, ou muito mais distantes como Valverde del Camiño ou Huelva. De Espanha vinha sobretudo bombazina (tecido então não fabricado no nosso país), sabonetes, perfumes, roupa fina, alfaias, conhaque e miolo de amêndoa, que eram entregues a comerciantes locais (Alcoutim, Giões, Martim Longo) ou a intermediários.
Para contrariar essa prática, o Estado fez construir, através do Ministério da Fazenda, desde finais do século XIX, uma rede apertada de postos de vigilância da Guarda Fiscal que se estendia ao longo de toda a margem direita do Rio Guadiana e que possuía correspondência na margem oposta através de postos da Guardia Civil.
O “entendimento diplomático” entre homens que prosseguiam objetivos contrários, contrabandistas e guardas-fiscais, inspirou esta Rota, onde são desenvolvidos alguns aspetos referentes ao contrabando em Alcoutim mas também à presença da Guarda Fiscal no mesmo território.
Explore os caminhos que contam a história do contrabando através de dois percursos pedestres inseridos nesta Rota.