Esta etapa entre Aljezur e a Arrifana, passa pela praia de Monte Clérigo e pela mítica Ponta da Atalaia. Numa terra onde se respira a força das lendas e o tempo da conquista de Portugal aos Mouros, esta caminhada é uma autêntica viagem no tempo.
No percurso pelo caminho de pé posto junto à costa, vale a pena deter a atenção na vegetação dunar, que inclui arbustos aromáticos (como o tomilho, a perpétua, o alecrim, a murta e o rosmaninho), plantas medicinais e comestíveis (como os espargos-bravos, a roselha, os maios, as camarinhas ou a carqueja) e plantas endémicas e raras (como Cistus palhinhae, Thymus camphoratus ou Linaria ficalhoana).
A natureza, nesta costa, proporcionou sempre recursos abundantes para o Homem. Por alguma razão existem vestígios humanos desde a Pré-História. O rol de ocupantes desta região é extenso e inclui fenícios, cartaginenses, romanos e árabes. Este percurso passa pelo Ribat da Arrifana, um convento-fortaleza islâmico, ocupado por monges guerreiros no século XII. Este é o único ribat conhecido em Portugal, classificado como Monumento Nacional. Foi fundado por Ibn Qasî, chefe político e guia espiritual do sufismo, via espiritual e mística do Islão. Foi um convento-fortaleza, dedicado à oração e vigilância da costa.
Um dos recursos ainda hoje primordiais desta costa são os perceves. Constituem um elemento da gastronomia obrigatório para quem visita a costa Sudoeste (exceto de Setembro a Dezembro, época do defeso). A costa rochosa e batida pelas ondas proporciona o habitat necessário para esta espécie. Os perceves vivem na faixa que fica a descoberto na maré vazia, nas marés mais vivas, em rochas que recebem a rebentação forte e direta, o que significa que ser apanhador de perceves (perceveiro) implica correr grandes riscos.