Este é o percurso mais árido da Rota Vicentina, através de um Alentejo agrícola e marcadamente rural, onde vai sentir, apesar da proximidade da costa, os cheiros e a força do verdadeiro interior. Na Barragem de Campilhas, aproveite para fazer uma pausa e dar um mergulho nos dias de mais calor.
A paisagem deste troço poderá parecer árida e por vezes até desoladora, para isso contribui o declínio do montado, responsável pela seca de muitos sobreiros, aspecto evidente ao longo deste percurso. A causa deste mal ainda é um mistério, mas suspeita-se que será resultado de uma combinação entre uma gestão pouco cuidada das árvores e o ataque de fungos e outras pragas dos sobreiros. Mas a aridez que se sente em todo o percurso, especialmente durante a estação seca, tem uma causa bem identificada: clima mediterrânico. O facto da chuva se concentrar em apenas três ou quatro meses, confere a este clima um carácter único, espelhado numa paisagem singular, ainda que por vezes árida, mas sempre assombrosa, que varia em cada estação do ano.
A parte mais a sul desta etapa é também especialmente interessante para conhecer o que os ecologistas chamam mosaico de habitats. A maior parte das espécies que compõem a biodiversidade do mediterrâneo beneficiam deste mosaico, composto por florestas intercaladas por campos abertos, com cereal ou pastagens, por sua vez entrecruzadas por linhas de água com galerias ripícolas. No caminho surgem olivais, pomares, hortas com sebes, pequenas charcas e afloramentos rochosos. Manchas com matos, assim como zonas húmidas cobertas de juncos, ajudam a compor este mosaico de habitats.