Agora retomado num conjunto alargado de cinco histórias e num elenco de três atrizes – Ana Palma, Inês Lago e Teresa Vaz – o espetáculo da Garagem A Vida como ela aprofunda a obsessão de Nelson Rodrigues por triangulações pícaras, eivadas de um erotismo mórbido, que acentua o carácter de exposição do desejo.
O desejo assim exposto verbaliza uma noção de mulher cujos contornos têm algo de similar ao culto das magas, em voga no séc. XVII toscano. Também as mulheres em Nelson Rodrigues acrescentam à volúpia e à vingança, uma aura sobrenatural, povoada de monstruosidades ameaçadoras, figuras fantasmagóricas profundamente carnais, numa alusão ao poder mágico, à transição demoníaca entre morte e vida.
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