O sótão de um atelier é forçosamente o sótão de uma infância, o lugar retirado da fantasia e da «arrumação» da memória no qual cada telha ou trave de madeira, cada tábua de chão envelhecida ou falha visível se elevam à condição de indício, de mobilizador secreto, de forma pregnante. No caso da artista, o sótão arquetípico coincide com o sótão real, aquele que o atelier realmente é ou tem, numa sobreposição feliz de circunstâncias: os recintos, os tectos esconsos e as esquinas, a clarabóia, as linhas flutuantes e os planos inclinados, as zonas de sombra e de luz, as pequenas imperfeições são abrigo, circunscrição, surpresa, defesa, prospecção, contaminação e referente reais, mas também alfabeto formal, sugestão térmica e cromática, impregnação imaginária.
O caminho que seguem as linhas que nele se desenham habita o olhar, depois o corpo dos gestos e finalmente a quimera de quem risca ou suja (ou limpa!) o papel do modo sensível que estes grandes e pequenos formatos testemunham.
Pontos de Interesse