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Rei Lear

​Uma peça sobre a desintegração de um mundo em que a cegueira é visão e a loucura é sabedoria. É uma peça que nos diz coisas explosivas sobre o amor, o poder e a justiça, individual e social. Lear começa por pensar que o poder é ilimitado e divide-o pelas suas três filhas. Mas acaba por descobrir que a única coisa verdadeiramente ilimitada é o sofrimento, que cala fundo em quase todos nós, pois os tormentos do conflito entre pais e filhos são inevitavelmente universais. Diz-se, com razão, que emRei Lear há destroços humanos que encontram de novo a sua humanidade. Mas este resgate não significa redenção, significa apenas que eles se recusam a aceitar o sofrimento, a tortura e a morte. Quando entra Lear com Cordélia morta nos braços, alguém notou que até Shakespeare parece ficar mudo perante esta morte, e vão ser os balbucios de um velho louco a fazer o elogio da filha “amada e esquecida”. O ator Jorge Pintoé Lear, depois de ter sido Cláudio num Hamlet encenado por Ricardo Pais em 2002. No ano do quarto centenário da morte de Shakespeare, o Ensemble regressa a um autor que nos escreve de um tempo “em que loucos guiam cegos”, agora na companhia do encenador Rogério de Carvalho, outro mestre sábio e intranquilo.[TNSJ]

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