Trilho espetacular, mas exigente, pelos cumes e vales verdejantes da Serra do Caldeirão. Delicie-se com os sabores dos produtos locais.
No 5º setor espera-o uma paisagem espectacular, mas também um dos dias mais exigentes e difíceis desta jornada. Vai caminhar em plena Serra do Mú ou do Caldeirão, com um relevo muito sinuoso e acidentado. As subidas levam-no até cumes de onde tem vistas panorâmicas inesquecíveis e onde vai querer aproveitar para respirar bem fundo. As descidas seguem ao encontro de vales verdejantes e linhas de água.
Sai do centro de Cachopo rumo a ocidente, por uma bela paisagem florestal com sobreiros e densos matos de medronheiros, urzes e estevas. Passa por pequenos aglomerados habitacionais: Currais, onde encontra à venda produtos típicos da serra, incluindo aguardente de medronho e mel; Alcaria Alta, com uma fascinante panorâmica sobre a serra; e por fim, Castelão, onde pode apreciar a arquitetura tradicional.
Chegamos depois à Ribeira de Odeleite, um local de inegável beleza natural. Aproveite para um merecido descanso, antes de iniciar a longa ascensão até Parises.
Parises é um local de paragem obrigatório para recompor as energias após o esforço anterior. É também aqui que encontra a Ligação 1 – Via Algarviana (Parises) até São Brás de Alportel. Se fizer esta ligação, reserve algum tempo para visitar a bonita e tradicional vila de São Brás de Alportel.
Voltamos ao nosso ponto de descanso, em Parises, e caminhamos em direção a Oeste. Atravessam-se os Barrancos do Bufo, Javali e o Corgo de Loulé. Atinge-se o Cerro da Relva, onde a vista é ampla: a Norte, vemos os Montes Novos; a Este, Parises; e a Oeste, o Barranco do Velho.
O caminho segue para a foz da Ribeira do Vale Formoso, afluente da Ribeira de Odeleite. Na divisão entre os concelhos de São Brás de Alportel e Loulé, intercetamos a PR5 LLE – Percurso Pedestre dos Montes Novos, cujo traçado partilhamos durante cerca de 1 km. No local onde este trilho se separa do nosso, começamos a intercetar a Ligação 6 – Ameixial à Via Algarviana (Barranco do Velho). Deste ponto até ao Barranco do Velho ainda há algumas subidas, mas a beleza da serra vai continuar a surpreendê-lo.
Já na povoação de Barranco do Velho, junto à sede da APFSC – Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão, mais uma interceção: partilhamos o traçado da PR17 LLE – Percurso Pedestre do Barranco do Velho num caminho muito bonito, com bastante sombra e com os sobreiros a preencher a paisagem.
Aqui, a cortiça ainda tem muito valor económico. Vale bem a pena conhecer melhor a povoação, experimentar e comprar os produtos da terra no restaurante, na loja de artesanato e na destilaria de aguardente de medronho.
» PATRIMÓNIO HISTÓRICO, ARQUEOLÓGICO E RELIGIOSO
- Fontes, fontanários e antigos tanques de rega;
- Casa dos Cantoneiros;
- Igreja de Barranco do Velho (de 1944);
- Fonte Férrea no Barranco do Velho;
- Produção de cortiça.
» NATUREZA
Integrada na Rede Natura 2000 (Sítio “Caldeirão” PTCON0057), esta foi uma das áreas mais importantes no Algarve para espécies emblemáticas como o Gato-bravo (Felis silvestris) e o Lince-ibérico (Lynx pardinus).
Na vegetação natural destaque para os densos bosques de sobreiro (Quercus suber), sob os quais se desenvolvem estevais (Cistus ladanifer), medronhais (Arbutus unedo) e urzais (Erica sp.), entre outras espécies.
Os sobreirais são das zonas mais ricas em biodiversidade. No concelho de São Brás de Alportel, a extracção de cortiça teve e continua a ter uma elevada importância na economia local. A cortiça que aqui é extra possui da melhor qualidade a nível nacional.
No que toca à avifauna, destaque para a Águia-perdigueira (Aquila fasciata), o Bufo-real (Bubo bubo), a Águia-cobreira (Circaetus gallicus) ou o Gavião (Accipiter nisus). Poderá também encontrar várias espécies de passeriformes como a Felosinha-ibérica (Phylloscopus ibericus), o Chapim-de-poupa (Lophophanes cristatus) ou a Toutinegra-do-mato (Sylvia undata).
Esta é também uma zona importante para diversos mamíferos, como a Fuinha (Martes foina) ou o Texugo (Meles meles).
No inverno também se encontram cogumelos. Mas atenção: nunca deverá colher e/ou cozinhá-los se não souber identificá-los e não conseguir ter 100% de segurança de que não são tóxicos.